quarta-feira, 22 de julho de 2009

blue for the tears, black for the night's fears

cristalizo atrás das pálpebras uma imagem de infância que me enche de serenidade logo ao amanhecer: um domingo de sol, um rio piscoso, um sombreiro grande de ramagens, um livro, vinho frascatti, lambari frito na farinha, carroceria de D-20, um banho em box de azulejos azuis, alfazema garrão e sono às 5 da tarde ao som de uma canção de aznavour entreouvida do escritório do pai.

terça-feira, 21 de julho de 2009

i love to watch things on tv

"the answer is dreams. dreaming on and on. entering the world of dreams and never coming out. living in dreams for the rest of time."
— haruki murakami (sputnik sweetheart)

cavos os dias como um mineiro obstinado: de segunda a sexta, holofote na cabeça, quase deitado no túnel estreito dos dias em direção ao final de semana. tenho andado muito deprimido. quimicamente deprimido. nunca achei isso bonito de se dizer. perdi a vontade de escrever. perdi muitas vontades. perdi muita coisa. no fim, perdi demais e não sei se fiz boa troca.

estive em muitos lugares desde maio. revi minha família na bahia. voltei. fui promovido. avanço quase vagarosamente mas com algum sucesso no trabalho. tenho dias felizes. tenho dias quase positivamente muito bons.

mas a verdade é que arrasto uma espécie de aleijão emocional pela câmara penumbrosa do meu peito.

vou para casa dormir e sonhar. sonhar com a face escura da lua. com fenõmenos inexplicáveis como o sonho desta noite: da balaustrada do porto da barra via um céu noturno que era uma abóbada de água. uma vastidão oceânica que forças gravitacionais impediam de despencar sobre a terra. olhávamos maravilhados aquela esfera de água que nos envolvia, arquipélagos iluminados ocupando o espaço de estrelas.

acho que estou de volta.

satellite's gone
way up to mars