quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Parece dezembro de um ano dourado

Dezembro desliza pelos cantos do apartamento. Acordo mais cedo, faço café, vou para a sala e no desfecho do livro da Banana Yoshimoto encontro a frase que resume o que foi 2008, o que foi este ano exilado da família, afastado dos amigos, recolhido na concha:

“Gostaria que todas as pessoas que amo fossem mais felizes do que são”.

Na manhã que se segue, tento tirar os fiapos que insistem em aderir ao veludo dos meus internismoss.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Kitchen

"No matter what, I want to continue living with the awareness that I will die. Without that, I am not alive. This is what makes the life I have now possible".

Banana Yoshimoto.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Ainda sobre saudades

Da melancolia que oprime e faz com que o ar se torne insuficiente para a câmara pneumática entre as costelas, tiro a conclusão que o passado entristece não apenas porque não teremos a sua experiência outra vez. A verdade é que o tempo que passa cuida não só de levar embora as memórias – mesmo as mais felizes – prima também por torná-las arruinadas, devastadas, perdidas de tanta manipulação.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Conforto | Desconforto

Queria ir para casa ler "O Longo Inverno" da Laura Ingalls, deitado no sofá, com meias brancas nos pés, café e bolo ao alcance da mão.
Ah! E queria ter nove anos de idade, também.

...

Rápida reflexão sobre o comportamento típico de alguns jornalistas de redação ao atender um telefonema de assessor: polidez, essa desconhecida.

Makes you wanna feel, makes you you wanna try, makes you wanna blow the stars from the sky

Nunca senti tantas saudades de casa, do meu pai, do meu sobrinho, do meu gato de estimação. A vida aqui é legal e as regras do meu tabuleiro continuam dentro do fairplay que me impus desde o ano passado (aliás, amanhã faz exatamente um ano que pedi demissão do meu emprego em salvador para seguir meu destino de neo retirante aqui em São Paulo).

Sou feliz, tenho um amor.

Mas de quando em quando pesa uma aflição situada entre as costelas e o umbigo, como um puxador de porcelana bem pesada, como se meu peito fosse uma gaveta emperrada em uma cômoda.

É novembro, as tardes estão quentes e nubladas.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

blow out that cherry bomb



life can be so fair
let it go on and on
i can push for good
you got that cherry bomb
blow out that cherry bomb for me
we lost it long ago
you and me


os dias da semana vão passando por mim com esforço, como uma porta de madeira que prende no chão. a vida não anda fácil, nem boa, estou um poço de melancolia e mágoa. aguardo o sábado.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Confissão (Álvaro)

( A P A G A D O )

tchau confissão.
você era perigosa demais pra ficar estampada aqui pra todo mundo ler. tant pis c'est la vie.

please do not cry mr teddy bear and do not write no more 3rd rate poems about those other furry animals who care not about the beeing of you beautiful mr teddy bear. the bearwords of you they deserve not. those who have hearts that have not suffered a bit more than you.

no vai e vem de hoje i felt pretty alive again.

fiz um passeio perigoso na madrugada
voltei da rua carregando no corpo
o sal concentrado do mar no inverno e o mal concentrado de lágrimas soterradas enquanto caminhava pelas poças d’água
que refletiam as luzes amarelas nas margens das calçadas.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Teresa antes do êxtase

Criação às vezes é uma espécie de gestação encruada, psicológica, um fruto que não amadurece, só fica intumescido dentro de você, sem sair e nem sempre você ama o que pare.

Passo um domingo obcecada com a idéia de escrever sobre concursos de dança. Alguma cena vista num filme da madrugada me alerta para a beleza convulsa dos salões de baile iluminados feito parques de diversões enquanto moças e rapazes exaustos se exibem, tudo músculo, tudo suor, tudo reações físicas, tudo música e temperatura e hematomas.

Vou ao image google e minhas retinas doem de tanto mirar as lantejoulas bordadas nos collants, as meias rendadas,as camisas de cetim de seda e lamê. Duas horas e meia de vasculhar fotos, vídeos no you tube (“Carnival” dos Cadigans, “So Pure” da Alanis e trechos de “A Noite dos Desesperados”) e nada ainda surgiu do contato entre os meus dedos e as teclas, na tela do word. Durmo por quase toda a tarde, convencida de que estou com febre. Deve ser alguma virose que peguei do neném.

Domingo à noite. Por mais que eu esprema, nada sai. Na janela, minha respiração se condensa e se confunde com a chuva. Por trás da vidraça, carros, postes e sacadas de prédio viram um quadro impressionista, de limites borrados. O texto dorme comigo, fermenta no meu sono desacompanhado.

Segunda pela manhã chego ao escritório que vive um apocalipse. Tenho uma discussão medonha com uma colega. Entro no banheiro e tomo mais um rivotril para levar o dia até o fim. No almoço, não saio. Sento-me e de uma só vez escrevo:

“É um concurso de dança nos anos 20. Eu e Billie somos o casal nº 3, ex-coristas de um show de hotel. Estamos há três dias sem dormir, nessa nuvem de charleston, éter e cocaína. E somos dois a rodar, dez a rodar, a rodar, a rodar. All that jazz. Suor e purpurina. Os primeiros a cair estão voltando para seus quartos de meia pensão. Tudo ilusão de ótica, jogo de espelhos, montagem. Todo mundo um dia acaba acreditando que é a Lady Ashley de “O Sol também se levanta”. E queremos usar pancake na alma. Antes de dobrar os joelhos sobre a pista, Billie me diz: “Deus me ama, mas não tem nenhum respeito pela minha dor”.

Duas da tarde. Na delicatessen da esquina compro um café expresso e um Bauru. Coloco pimenta. Bebo o café sem açúcar. O ansiolítico parece ter desabotoado algo na minha nuca, flutuo leve para fora desse dia de chuva. Aproveito mais alguns minutos para olhar telefones de escolas de sapateado nas páginas amarelas.

Volto à minha sala e passo a tarde às voltas com textos sobre barragens subterrâneas para retenção de água no semi-árido. Às vezes paro e fico lembrando de coisas como o cheiro de álcool das provas rodadas em mimeógrafos na época da 8ª série. Às 17h bebo mais um café na copa e me tranco no banheiro novamente desta vez para ler a oração às 13 almas benditas, entendidas e esclarecidas que um deficiente físico me entregou no ônibus outro dia. As manias religiosas vão ser o hype da nova estação, aguarde.

18h. Ainda não fomos demitidos. Dou as últimas ligações do dia e desligo o computador.
Em casa, saio do banho às 19h30, a contragosto, perdida em olhar meus olhos vidrados no espelho com o foco de luz jogado bem na cara, vapor de água quente e cheiro de condicionador. Toda intimidade é molhada.

Sento-me diante do computador e um título cai do imponderável: “Nada mudará com um aviso de curva”.

Abro os dois arquivos e não consigo tirar Billie e seu par da pista de dança, nem sei para onde avançar depois deste aviso de curva.

Vou para a cama.

Continua.
Continua.
Continua.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Novena - Agnes

Não consigo escapar deste destino. Mais uma vez me salvei, mais uma vez nada me foi pedido em troca da graça alcançada. Ainda assim eu sei que devo pagar penitências ou louvores. Sinto medo de tocar a água e que ela se transforme em vinho. Sou hoje fecunda e outra vez virgem. me olhei no espelho e fiquei com medo. Estou doida de jogar pedras. Estou vivendo meu martírio pequenininho dentro do quarto fechado, chuva caindo lá fora. Se eu atender ao telefone, se responder a um e-mail hoje, se abrir a porta, se ceder a um contato qualquer com alguém, ponho tudo a perder. Vou rezar por sanidade. O neném chora no quarto dele. Quando a babá bater à minha porta vou pedir que faça as mamadeiras dele, que tenho gripe forte, imagine, que tenho que ficar longe dele o dia todo. Ficarei aqui olhando pra fora da janela e beijando a medalha milagrosa. Qum sabe à tarde eu consiga tê-lo nos braços?

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Diário II - Álvaro

Parece mesmo que as madrugadas insones deste feriado interminável vendo o sol nascer com os olhos vermelhos de fumaça e saudades fizeram com que eu me esquecesse de quantas cartas não enviadas moram na estante do quarto. Os dias se colaram uns aos outros feito páginas de uma revista que a umidade molhou. Foi uma longa despedida, com as mesmas conversas intermináveis que se alternavam conforme eu entrava em cada cômodo da casa.

Agora que o ônibus vai se distanciando da plataforma, gotas grossas caem feito confete no vidro da frente. Prefiro sempre as poltronas 3 e 4 para esticar as pernas e olhar a estrada. Tomei dramin e sei que um sono obssessivo começará em breve, o que ajuda a não pensar ou a pensar sem esforço, sem cavar. A primeira canção que o ipod roda é Wild Horses com The Sundays e acho que quase ensaiei o momento. Olho as casas iluminadas na periferia, torres de usinas no pólo, seis, seis e meia da tarde.

É mesmo desconcertante rever um grande amor.

E agora que tudo findou, preciso ficar mais atento e menos tenso, mais concentrado e andar mais de chinelo, ainda que pareça contraditório, ainda que minhas noites de sono morem em um retângulo de papel azul.

Estranha alegria em estado de supensão. Como aqueles remédios antigos que precisavam ser agitados antes de. Sulfas. Estou com alegria concentrada no fundo, como um licor mal filtrado.

Antes de mergulhar de vez na inconsciência neuroléptica do remédio, ainda olho a estrada e sou tomado por uma tal vontade ser honesto e de tentar viver bem com todos, que chega a ser dolorido, quase físico, como se eu tivesse engolido uma moeda de 50 centavos e as suas bordas rombudas pressionassem meu diafragma. Postes de lâmpadas de mercúrio iluminam acostamentos desertos.

Nem um céu azul me salva da euforia.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Diário I - Álvaro

"lá fora faz muito frio"
(diana)

Durmo quase 16 horas seguidas e sigo com olhos ardendo manhã adentro. Preparo-me com medidas de segurança para enfrentar rigores. Eu deveria ter torcido para me barrarem na porta, mas agora já desci até o subsolo dos fatos. A vida não tem facilitado e por detrás do recorte das portas nem sempre eu encontro um quarto ou a rua - às vezes é só outro lance de escadas.Precisamente andei fugindo por tanto tempo do abraço certo, dentro da camiseta certa. Mas há uma aflição específica quando arranho seus lábios com a minha barba espetada. Há uma corrente elétrica de baixa voltagem e alta amperagem carregando minha aflição por meio da sucção, do palavrão susssurado com calor e ternura, do beijo, da mão que me faz refém entre as minhas coxas. Apertado contra você, faço de conta que tenho a voz rouca. Embaixo do chuveiro, finjo que estou chorando. Dias depois, sozinho no quarto, olho uma polaróide de quase dez anos e a imagem vai se desvanecendo, se desrevelando sobre uma névoa, branca, mas persistem meus olhos vermelhos como nessa manhã de abril.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

i live for that look

Quase dois meses se passaram e agora sou um executivo de atendimento em uma agência de comunicação and it’s almost all about power suits mas eu confesso que estou gostando e gostar de um emprego é algo essencial. O ar continua terrivelmente seco e pelos céus de Moema os aviões voam baixo e no ronco deles ouço as minhas saudades fervilharem. Quero meu pai, minha irmã, minha mãe, meu sobrinho. Sou bem feliz. Escuto Jonathan Richman quando venho no metrô para o trabalho e lembro de Mariana Neri tocando essa música na minha malfadada estréia como DJ em um bar – guess what? – lá de Salvador.

Todo dia já faz muito tempo que alguma coisa aconteceu e converso muito com taxistas em pequenas viagens de trabalho entre a zona sul e a zona oeste e rio no escritório e minhas palavras descrevem arcos quando saem da minha boca em direção ao passado, ao futuro, feito uma planta aquática de raízes balouçantes – imagem ruim é foda quando resolve se alojar na cabeça da gente.

Vai, vai, só pra subir mais uma data. O tempo passa, o vento arrasta.

terça-feira, 8 de julho de 2008

all that heaven allows

como num bom tear-jerker dos velhos tempos, nosso protagonista perde tudo e recomeça do zero, encantamento de fantasia proletária do vendedor de livros, cálculos de mudança, sol de julho filtrado por vidraças, melancolia encapsulada em três minutos e meio de canções antigas e o desejo to grab a spoon and get all that heaven allows.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

the first time ever i saw your face

o diretor grita ação e eu saio trotando por uma calçada rendada de sol e árvores na vila madalena com um sorriso submerso logo abaixo da superfície da face.
é 26 de junho e faz um ano inteiro que eu sou bem mais feliz.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

the 1st year celebration mixtape



01 - an evening out - brincando de deus
02 - we could walk together - the clientele
03 - sugarcube - yo la tengo
04 - wraith pinned to mist and other games - of montreal
05 - minor detail- sondre lerche
06 - any way that you want me - spiritualized
07 - nothing and nowhere - emily haines
08 - anyone - joan as police woman
09 - something so right - paul simon
10 - see a little light - bob mould
11 - 'till you come - brincando de deus
12 - i live for that look - dinosaur jr.

a comemoração é particular, mas música boa é pra partilhar

terça-feira, 10 de junho de 2008

A Senhora Aimée


Fito os olhos que não devolvem reflexo
Renda de névoa
Iluminura de catarata
Que veste a córnea
Da tela opaca

Cruzo a sala do museu
Sob a severidade do olhar que se oculta
E pervaga o tempo


Ancorada em 1945
A Senhora Aimée censura

Os caninos escuros
A língua mordida entre lábios
A mancha de caneta nos meus dedos
Que vincam no papel
A sua caricatura

sexta-feira, 6 de junho de 2008

under the iron bridge we kissed

despertei tremendo de um pesadelo. coisa que não me ocorre desde nunca porque não me lembro de jamais antes ter acordado assim, sem coragem sequer pra ir ao banheiro.

o sonho: na cozinha do apartamento, umas cinquemeia da tarde, faltava luz. enquanto a penumbra tomava conta do cômodo, j. chegava com outras pessoas conhecidas mas eu só os reconhecia pelas suas vozes e contornos. ficávamos conversando sobre amenidades ali no escuro, eu abraçado a j, até me dar conta de que não era ele, não eram eles, eram todos outras pessoas que haviam conseguido roubar as vozes dos donos originais.

parece bobo, mas aquilo me causou tamanha impressão que meus dentes pareciam querer pular da arcada dentária. acendi o abajur, li, liguei tv, mas acabei apelando por acordar j: "por favor, aqui, me abraça, me segura, eu quero dormir".

terça-feira, 3 de junho de 2008

safe and sound

quero padecer de uma grave mania religiosa, um fanatismo, tirar as sortes vergiliae ou deixar o papel rendado com os vincos fortes da caneta em ideogramas de i-ching, abrir livros ao caso em busca de respostas como eu fazia quando era muito novo.
na falta de melhores presságios volto a escutar uma canção que me consumia há uns quatro anos. um recuerdo de um tempo que eu pagaria em euro para reviver.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

winter wooskie

ocorre que vários dias de um sépia veludoso feito passagem de flashback de filme barato deslizaram por mim como uma cortina se fechando sobre um palco às escuras.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Gondim não recua

"Retroceder nunca, render-se jamais" afirmou nesta tarde de terça-feira o jornalista e dublê de escritor Marco Gondim. A homenagem a Jean Claude Van Damme se deu após novo revés sofrido na frente por uma posição de trabalho. A partir de agora o baiano pretende redobrar esforços na consolidação de sua estadia em São Paulo. "Iniciarei uma campanha agressiva de relacionamento com assessorias de imprensa e agências de publicidade" diz Gondim, 31 anos, há quatro meses na capital do sudeste.

O anúncio foi feito à saída do shopping Pátio Higienópolis onde Gondim gastou parte dos seus últimos recursos numa refeição árabe. Momentos antes ele recebera um telefonema de uma importante agência de comunicação informando-o da decisão de contratarem outra pessoa para o cargo ao qual o profissional nordestino se candidatara.

As novidades parecem ter afetado bastante o jornalista que desconversou se a decisão radical de tosar os cabelos e sacrificar a barba teria a ver com o difícil momento pessoal que atravessa. "Não sou a Britney", disse de forma enfática para logo em seguida mudar de assunto: "Além de uma nova rodada de envio de currículos, estou estudando uma excelente proposta para diversificar minhas atividades. Afinal, se até a Leila Lopes resolveu mudar de carreira não serei eu que colocarei empecilhos a novos rumos que se apresentem".

A nebulosa declaração acentua os rumores da participação de Gondim em um possível "produto cultural alternativo para diversão adulta". Indagada sobre a polêmica, a produtora Brasileirinhas divulgou nota em que diz "não ter interesse algum na produção de vídeos de zoofilia e bestialismo além de refutar qualquer contato feito com o senhor Marco Gondim".

segunda-feira, 19 de maio de 2008

the last day of our acquaintance

esfrego os olhos para espalhar a borra de sono que se esconde atrás das pálpebras. preciso urgentemente desesperadamente desesperançadamente de uma solução.

domingo, 11 de maio de 2008

pentecostes

língua de fogo lambe minha testa.


who will be at sans souci tonight?

domingo, 4 de maio de 2008

leave behind my wuthering wuthering wuthering heights

porque, né gente?
as coisas têm que melhorar ainda que à força de delírios esquizofrênicos.

domingo, 20 de abril de 2008

Mon amie Françoise



Tu m'admirais hier
Et je serai poussière
Pour toujours demain.

terça-feira, 15 de abril de 2008

sobre a pausa

once i wanted to be the greatest
two fists of solid rock
with brains that could explain
any feeling


ocorre que muito frequentemente pode uma vertente de água límpida tornar-se enodoada com resíduos escuros, pequenas vertigens de sombra turvando a corrente dos dias.
e a velha citação april is the cruellest month bem pode querer se comprovar outra vez.
um passo e depois o otro. babysteps. vamos lá. em linha reta.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

sonho com um porto coalhado de embarcações silenciosas.
desperto no abril sem aflições pascais
à espera de que meus dias desdobrem-se
como o origami que volta ao papel
sem marca, sem mácula, sem nódoa.

sábado, 29 de março de 2008

moagem

quero a roda dentada
o engenho
que extrai de mim a densa seiva
o coágulo
de nossa escassa ternura